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ventosuivantes.tumblr.com

fevereiro 16, 2011

Por motivos de força maior, mudei o blog para o link:

 

http://ventosuivantes.tumblr.com/

Acessem. :)

vazio

dezembro 24, 2010

Dia ensolarado. Coisas pra fazer. Saio andando pela rua. O suor me escorre pela testa. Ando muito, não sei exatamente quanto. Chego a um lugar sem pessoas à vista, apenas com árvores e um rio. Ali venta. Uma brisa suave e cheirosa. Vou até a beirada do rio.  Sinto aquilo que as pessoas sentem quando se aproximam de uma quantidade muito grande de água. Olho em volta. Abro os braços e posiciono minha cabeça na direção do sol. Fecho os olhos. Sinto minhas forças se esvaírem. Me deixo levar. O barulho do meu corpo batendo na água é alto. Penso que seria melhor ninguém ter ouvido. Prendo a respiração. O rio é mais fundo do que pensei. Abro os olhos. Apenas escuridão. Me viro. Vazio. Fecho os olhos. Deixo meu corpo mole e ele começa a boiar. As costas para cima. O tempo que eu aguento sem respirar está se esgotando. Meu corpo pede oxigênio. Solto o ar. Sinto a água entrando com força pelas minhas narinas e boca. Sinto uma ardência dolorida dentro de mim. Aguento. Abro os olhos. Vejo a claridade em cima da minha cabeça. Claridade, escuridão. A esta altura quase não sinto mais nada. Tento me concentrar no vazio olhando para baixo. O último espasmo. Fico olhando o vazio pra sempre.

Poética

novembro 28, 2010

Estou farto do lirismo comedido

Do lirismo bem comportado

Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente protocolo e manifestações de apreço ao Sr. Diretor.

Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário o cunho vernáculo de um vocábulo.

Abaixo os puristas

Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais

Todas as construções sobretudo as sintaxes de excepção

Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis

Estou farto do lirismo namorador

Político

Raquítico

Sifilítico

De todo lirismo que capitula ao que quer que seja fora de si mesmo

De resto não é lirismo

Será contabilidade tabela de co-senos secretário do amante exemplar com cem modelos de cartas e as diferentes maneiras de agradar às mulheres, etc.

Quero antes o lirismo dos loucos

O lirismo dos bêbados

O lirismo difícil e pungente dos bêbedos

O lirismo dos clowns de Shakespeare

– Não quero mais saber do lirismo que não é libertação

por Manuel Bandeira.

Pensei em colocar o dia no título mas não sei que dia é hoje. Nem sei que mês é esse. Sei que são 03:36 da manhã. O estranho é que, tudo que eu lembro sobre hoje (ou ontem. Esse negócio é confuso pra mim. Pra mim, só é outro dia quando o sol aparece no céu. Então façamos do meu jeito) é de descer do ônibus numa rua lamacenta, sentir os respingos na minha perna, o vento frio da noite se contrastando com a fumaça quente da barraca de churrasquinho e a vontade quase incontrolável de escrever. Andar, andar, andar e chegar aqui. Aqui. Nem sei direito onde é aqui. Se alguém me perguntar, não sei. Não sei o nome da rua, o nome do bairro. Só sei chegar aqui. Aqui, nesse lugar que venho quase todos os fins de semana pra me sentir amada. Pra sentir o carinho emanando do corpo dos meus amigos, se tornando quase palpável. Tem alguém roncando do meu lado. Ronco. Queria copiar o significado dessa palavra do dicionário, faria meu texto ficar pelo menos bonito, talvez. Eu não sei nem aonde é a lata de lixo aqui. Engraçado como o desejo de estar aqui e o desejo de estar em casa possam ocupar mesmo lugar dentro de mim. Casa. Não a casa que eu vivo atualmente, claro. Mas aquela casa onde eu morava, com duas mulheres (uma delas minha mãe), três cachorras, dois gatos e aquele quintal maravilhoso. O quintal. Eu acho que devia ter aproveitado mais aquele quintal. Tinha pé de manga e pé de goiaba. Naquela casa, tinha comida gostosa todo dia. Pode parecer inexcrupuloso mas o que eu mais sinto falta é da comida. Tem horas que a gente cansa de fast food. Essa sou eu, escrevendo baboseiras numa hora inapropriada. Minhas costas doem e me sinto fraca. Olho pra esse sofá pequeno e  lembro da minha cama, espaçosa e quente. A cama é a única coisa que eu sei que é minha nessa vida. O sofá… Bem, ele vale a pena no fim das contas, se foi pra ter ficado com eles. Queria passar o dia de amanhã todo na minha cama.
Eu quero é paz.

canto

setembro 16, 2010
Pela fresta da janela alta via-se o azul desbotado, manchado de amarelo, da porta dela.
E então, o canto encheu o ar. Um canto dolorido e demorado. Parecia ser de igreja.
Não dava pra entender uma só palavra, mas entender as palavras pra quê?
O que era pra ser entendido já estava sendo.
Aí eu toquei.
Toquei na dor dela que ficou cara à cara comigo. Que de tão forte tornou-se palpável.
E compreendi.
Apenas compreendi.

06:23 h de 16/09/2010

“ensaio para um silêncio”

setembro 16, 2010
Não adianta eu tentar ser engraçada, ou muito pior, tentar escrever escrever sobre coisas engraçadas.
Meu destino é escrever sobre coisas tristes.
Sobre solidão.
Não que eu acredite em destino mas é como se não houvesse outro caminho para a minha vida a não ser esse.
E não tô a fim daquele papo de que “sempre existem outros caminhos”.
Fim.

ontem

setembro 16, 2010
Ser humano dói.
Machuca.
Faz sangrar.
Faz chorar.
Tô escrevendo um livro. Mas ainda não tem nome.

agosto 2, 2010

sin city

agosto 2, 2010

“Diamantes e poeira. Homem pobre por último, homem rico primeiro. Lamborghini’s, caviar. Martini seco, Shangrila. Estou sentindo uma queimação profunda dentro de mim. É um desejo, mas eu vou libertar. Estou indo para a cidade do pecado. Eu ganharei na cidade do pecado. Onde as luzes são iluminadas. Na cidade hoje à noite eu vou ganhar. Na cidade do pecado… Deixe-me rolar baby. Escadas e cobras. Escadas dão, cobras pegam. Homem rico, homem pobre. Mendigo, homem, ladrão. Você não tem esperança no inferno, essa é a minha convicção. Dedos do Freddy, diamantes do Jim. Eles estão preparando. Fique atento, eu estou chegando. Então gire aquela roda, corte a embalagem e eles rolam carregandos dados. Traga à dança meninas, e coloque Champaign no gelo. Estou indo para a cidade do pecado. Eu ganharei na cidade do pecado. Onde as luzes são iluminadas. Fazer a cidade hoje à noite… Estou indo… Para a cidade do pecado”.

AC/DC.

junho 27, 2010

– Doutor, eu vou fazer coisas ruins hoje à noite.
– Que coisas ruins?
– Apenas coisas ruins.
– Como o quê?
– Como me machucar.
– Por quê?
– Eu não sei.
– O que está faltando pra você?
– Nada. Eu tenho felicidade, pessoas que gostam de mim, que me amam. Não é uma coisa que eu posso controlar, doutor.
– O que você irá usar para isso?
– Uma faca, eu acho. Como da última vez.
– O que diz pra você fazer isso? É você ou alguém de fora ou de dentro de você?
– Sou eu e alguém dentro de mim. Isso faz algum sentido?
– Talvez. Você se sente sozinho?
– Eu tenho muitas pessoas ao meu redor. Elas provaram isso hoje.
– Você se sente sozinho?
– Sim.
– Por que, se você tem muitas pessoas ao seu redor?
– Companhia é para os fracos. Os fortes sofrem sozinhos.
– E você se acha forte por isso?
– Sim.
– Você quer me contar algum segredo? Você sabe que fora deste consultório é outra história.
– Eu acho que estou louco.
– Por quê?
– Eu tenho esses sonhos, essas vontades, que eu não posso contar a ninguém lá fora.
– Você tentou dizer a alguém aí fora?
– Eu não posso.
– Por quê?
– Você me faz muitas perguntas.

– Silêncio –

– Meu pai comprou sorvete hoje. Isso acontece apenas uma vez no… Mês.
– Você vai fazer companhia ao seu pai?
– Talvez. É raro que ele querer minha companhia.
– Tente isso, ok?
– Está bem.
– Fique longe de facas, ok?
– Acho que não.
– É tudo coisa da sua cabeça!
– Acho que você está enlouquecendo, doutor.
– Talvez. Não, com certeza. Porque eu também sou coisa da sua cabeça.
– Eu suspeitava.
– Vamos nos machucar agora.
– Coisa certa a dizer. Eu suponho.
– Sim.
– Está bem.

what moves you?

junho 11, 2010

O que movimenta você?
A luz, o calor, o sol?
A rua que te convida todo dia pra dar uma volta?
A família?
O trabalho, os compromissos?
A sua namorada?
Nada te movimenta?
Os planos futuros?
O que te faz levantar da cama todos os dias?